“Norma Bengell, o Brasil em Revista” estreia no Teatro do SESI-SP

Redação
19 de set.
3 min de leitura

Montagem homenageia uma das maiores artistas do Brasil com teatro, música e cinema, em espetáculo gratuito que resgata a trajetória da atriz, cantora e cineasta.

cena da peça — *Imagem:* *Lenise Pinheiro*

A trajetória artística e pessoal de Norma Bengell (1935–2013) ganha vida no espetáculo “Norma Bengell, o Brasil em Revista”, que estreia no Teatro do SESI-SP. A montagem parte de um diálogo imaginário entre um empresário do teatro de revista e a própria Norma, de onde emergem memórias em forma de cenas e números musicais, compondo um painel vibrante de sua vida e da história cultural brasileira.

O texto e a direção são de Aimar Labaki, com Amanda Acosta interpretando Norma. A produção é de Alexandre Brazil, amigo pessoal da artista e último produtor de sua carreira.

Uma artista múltipla e corajosa

Atriz, cantora, cineasta, produtora, símbolo sexual, militante feminista e ativista pelo cinema nacional, Norma Bengell foi pioneira em diversas áreas e marcou época pela ousadia e autenticidade.

“Falar de Norma é falar de liberdade artística, sexual e política, é falar sobre empoderamento e amor pela vida. Ela desafiou padrões e abriu caminhos para gerações de artistas”, afirma Amanda Acosta.

Já o diretor Aimar Labaki destaca:

“É uma homenagem a Norma e, por meio dela, a todos os artistas que, sob diferentes regimes e crises, sempre contribuíram para uma sociedade mais justa e livre, sem abrir mão da alegria e da luta.”

Música, memória e história

O repertório do espetáculo reúne músicas gravadas por Norma em discos e shows, com destaque para o melhor da Bossa Nova e de compositoras mulheres da época. Entre as canções estão Eu Sei que Vou te Amar, Marcha da Quarta-Feira de Cinzas, além de sucessos internacionais como C’est si bon e Volare. Há ainda três músicas inéditas compostas por Gustavo Kurlat, diretor musical da montagem.

O espetáculo recria lembranças pessoais e profissionais da artista:

O primeiro nu frontal do cinema brasileiro, em Os Cafajestes (1962), de Ruy Guerra.
A parceria com Glauber Rocha, Cacá Diegues e os cineastas do Cinema Novo.
Os shows e gravações com João Gilberto, Vinicius de Moraes, Nara Leão, Domenico Modugno e outros nomes da música.
A militância política, as passeatas de 1968, a prisão e o exílio na Europa.

Uma vida de ousadia e resistência

Norma Bengell brilhou em palcos no Brasil e na França, estrelou filmes na Europa e conviveu com nomes como Marcello Mastroianni, Visconti, Fellini, Alain Delon e tantos outros. Dividiu a vida entre Rio, São Paulo, Paris, Roma e Nova York, mas sempre manteve o Brasil como sua verdadeira paixão.

Nos anos 1990, esteve à frente da luta pelo renascimento do cinema nacional e estreou como diretora, consolidando-se como uma voz fundamental da cultura brasileira.

Origem do projeto

O espetáculo é uma criação de Alexandre Brazil, que acompanhou de perto os últimos anos de Norma:

“Fui o último produtor de sua carreira e realizei seu trabalho final, Dias Felizes. Este espetáculo é uma forma de retribuir tudo o que aprendi com ela e celebrar sua memória. É a sensação de missão cumprida.”

Para o SESI-SP, a montagem também celebra os 60 anos do Teatro do SESI, reafirmando o compromisso da instituição com a democratização do acesso à arte por meio de espetáculos gratuitos e de qualidade.