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Filme Blue Jean retrata homofobia do governo Thatcher

  • Foto do escritor: Lia Garcia
    Lia Garcia
  • 6 de ago. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 23 de abr.

A obra mergulha na melancolia para construir um retrato doloroso da luta LGBTQIA+ nos anos 1980

Blue Jean, filme escrito e dirigido pela estreante Georgia Oakley e protagonizado por Rosy McEwen (“O Alienista”), estreou nos cinemas brasileiros em 27 de julho de 2023, com distribuição de Synapse Distribution.


O longa, que foi destaque no Festival Filmelier no Cinema, se passa em 1988 durante o governo da primeira ministra conservadora Margaret Thatcher no Reino Unido, em plena campanha contra a população LGBTQIAPN+.

A trama de Blue Jean se passa em 1988 e tem como foco a personagem Jean (Rosy McEwen), uma professora lésbica de educação física que, por conta da Cláusula 28, meio da qual a primeira-ministra Margaret Thatcher buscava proibir a promoção da homossexualidade como algo positivo em escolas públicas, precisa levar uma vida dupla.


Jean passa a dividir-se entre seu relacionamento com a namorada Viv (Kerrie Hayes) e suas idas a um bar lésbico como um segredo e seu trabalho, o convivio com sua irmã e seu sobrinho. As coisas só pioram quando sua nova aluna, Lois (Lucy Halliday), aparece no bar que ela frequenta.


Com tons azulados, a fotografia é competente ao trazer as emoções da personagem para o aspecto visual do longa. Toda a atmosfera aqui é pesada, até mesmo em momentos mais leves onde a Jean brinca com seu sobrinho. Além disso, a granulação da obra nos faz sentir como vendo um filme produzido de fato na década de 1980.

Rose McEwan entrega uma Jean completamente despreparada para viver naquele mundo: repleta de tristeza, com gestos e falas contidas e semblante tenso, de quem trava uma luta diária consigo. E de fato, a personagem, ao recusar a afirmar sua identidade para proteger seu emprego e travar discussões com sua namorada por essa ser abertamente lésbica, acaba trazendo a tona sua própria homofobia.


Blue Jean carrega uma poesia dolorida. E justamente por isso, é uma obra que se faz necessária - ainda em 2023 - e nos faz refletir que o armário é um lugar onde muitas pessoas são colocadas por uma sociedade opressiva, conservadora e violenta. Um lugar que ceifa a liberdade de ser e viver plenamente o que se é e como se é.


Um local que, depois de anos e anos com medo do julgamento, da agressão e a certeza de não ter seu lugar no mundo, acaba se tornando também a zona de conforto. Mas ninguém merece viver e se sentir confortável em um espaço que te comprime e sufoca (quanto tempo você aguentou ficar dentro de um guarda-roupa quando brincava de pega-pega?).


Com uma poderosa atuação, Rosy McEwan brilha com uma personagem totalmente humanizada. Desde seus momentos mais íntimos, ou quando ela está inserida na sociedade que a cerca, a atriz trabalha muito bem a dosagem de emoção que as cenas exigem. O restante do elenco é operante, com a atenção sempre voltada para o desenvolvimento de Jean.


Além de Rosy e Kerrie, o filme traz ainda no elenco as jovens Lydia Page (“A Pior das Bruxas”) e Lucy Halliday, que faz sua estreia como atriz em seu primeiro papel nas telonas. Ambas as atrizes foram indicadas ao British Independent Film Awards.


O filme foi reconhecido em diversos circuitos internacionais, como o Festival de Cinema de Veneza, na categoria de voto popular, no British Independent Film Award, com cinco indicações, levando o prêmio de Melhor Atriz, e ainda conseguiu uma indicação ao BAFTA deste ano em Melhor Estreia de Roteirista, Diretor ou Produtor Britânico para Georgia.


Confira o trailer!

Blue Jean

Nota SP Boas Dicas



Duração: 156 min.

Gênero: drama LGBTQIA+

País: Inglaterra

Direção: Georgia Oakley

Ano: 2023

Roteiro: Georgia Oakley

Estreia: 27/07/2023

Elenco: Rosy McEwen, Kerrie Hayes, Lucy Halliday e Lydia Page


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