No Cemitério do Redentor, atriz transforma morte e luto em espetáculo teatral
- Redação

- 9 de set.
- 2 min de leitura
Montagem parte da experiência pessoal de Bruna Longo para discutir o silêncio e a negação da morte nas sociedades contemporâneas.

A atriz, dramaturga e diretora Bruna Longo parte de sua experiência pessoal com o falecimento do pai para propor uma reflexão sobre o tabu da morte em seu novo espetáculo solo: Queda de Baleia ou Canto para Dançar com a Minha Morte. Com co-direção de Vitor Julian, a temporada de estreia acontece de 12 de setembro a 26 de outubro, na capela do Cemitério do Redentor, no bairro Sumaré, em São Paulo. As apresentações serão realizadas de sexta a domingo, sempre às 19h.
A trama: imaginar a própria morte
Na peça, Bruna imagina sua própria morte. Partindo desse gesto radical, a artista conduz o público a refletir sobre o luto, a finitude, o medo, o silêncio e a forma como as sociedades capitalistas ocidentais vêm eliminando ritos fúnebres de sua prática cultural.
O tabu da morte na sociedade contemporânea
Bruna observa que, apesar de ser a única certeza inexorável, a morte permanece como tabu em nossa cultura. Hoje, o processo de morrer é cada vez mais higienizado e burocratizado: ocorre majoritariamente em hospitais e não mais em casa, enquanto os ritos fúnebres tornam-se rápidos, padronizados e industrializados, com o crescimento das cremações comerciais.
A artista também aponta a contradição de uma sociedade marcada pela hipervalorização da juventude e, ao mesmo tempo, exposta em tempo real a guerras, tragédias coletivas e pandemias — mas que silencia diante da morte cotidiana.
“O nascimento da cultura humana está ligado ao luto. A morte inspirou os primeiros ritos, os primeiros hieróglifos, as primeiras histórias em torno da fogueira. Elaborar o luto inaugura quem somos. Ao renunciarmos a isso, renunciamos a uma angústia metafísica essencial. Não falar da morte não a afasta — apenas a torna mais temerosa.”, salienta a atriz.
Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte
De 12 de setembro a 26 de outubro de 2025
De sexta a domingo, sempre às 19h
Capela do Cemitério do Redentor
Av. Dr. Arnaldo, 1105 - Sumaré
Ingressos: R$60 (inteira) e R$30 (meia-entrada)
Vendas online em Sympla
Duração: 80 minutos






Comentários